A Comissão de Ciência e Educação do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 12ª Região (Crefito-12) deve encaminhar à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa em Terapia Ocupacional (Reneto) até o final do mês as contribuições do Fórum Regional de Discussão das Diretrizes Curriculares Nacionais da Terapia Ocupacional, realizado nos últimos dias 9 e 10 na Universidade da Amazônia.
De acordo com a assessora técnica do Crefito-12, Sabrina Queiroz, membro da Comissão, o evento atingiu seu objetivo reunindo professores, alunos e preceptores das quatro faculdades que atuam na formação de terapeutas ocupacionais da jurisdição do Conselho. Escola Superior da Amazônia (Esamaz), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade da Amazônia (Unama) contribuíram. Essas são todas as faculdades que têm o curso hoje em todos os cinco estados da 12ª Região (Pará, Amapá, Roraima, Tocantins e Amazonas).
Os próximos passos da contribuição regional para a revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais de Terapia Ocupacional são a formatação e o envio do relatório para os participantes do Fórum. “Na próxima semana, eles poderão dar outras contribuições ao documento. Depois disso, enviaremos o relatório final à Reneto, que, por sua vez, o encaminhará a uma Plenária Nacional para a consolidação do documento geral que será encaminhado ao Ministério da Educação”, explicou Sabrina Queiroz.
Durante dois dias os membros da comissão reuniram, sob o formato de oficinas, mais de 40 profissionais, alunos, professores e preceptores que ajudaram a configurar o quadro dessa mudança na formação da Terapia Ocupacional. Para Lucrécia Monteiro Lima, diretora conselheira do Crefito-12, a ampliação do espectro do currículo do curso é oportunamente necessária.
Para ela, essa ampliação deve acompanhar principalmente a atuação dos profissionais na área de assistência social. Algo que já ocorre há tempos e que foi regulamentado há quase oito anos por meio da revisão da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOB–RH/SUAS). A partir desse documento os terapeutas ocupacionais fazem parte do quadro de profissionais que atuam na Assistência Social.
“A atuação social do Terapeuta Ocupacional já vinha sendo construída em uma longa trajetória, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A regulamentação da NOB-RH/SUAS foi acompanhada de perto por profissionais que estão hoje no Fórum, mas ainda não havia essa adequação a essa nova linha de atuação dentro do currículo. Por isso ela se faz tão necessária”, explica a profissional.
As dimensões educacional, empreendedora e cultural também foram ressaltadas pelos participantes do Fórum. Raiza Morais, que é preceptora da Unama e trabalha com saúde do trabalhador, acredita que as universidades ainda estimulam muito o profissional a atuar diretamente no setor da saúde pública. “O profissional normalmente é indicado por um médico, psicólogo ou psiquiatra quando fica muito claro a deficiência em que devemos atuar. É preciso pensar em inovação e empreendedorismo. O terapeuta ocupacional precisa também aprender a se comunicar com seu público”, explica.
Samantha Nunes também é preceptora e atua no Núcleo de Assistência à Saúde da Família (NASF) da Prefeitura de Belém. Em sua vivência profissional ela identifica que os terapeutas ocupacionais precisam ganhar espaço na educação. Ela explica que o TO participa da educação inclusiva de crianças e adolescentes que têm necessidades especiais. “Muitos resultados ruins no aprendizado se devem às deficiências dos alunos. Acredito que nós deveríamos trabalhar também com jovens e adultos na perspectiva de melhorar a sua performance no aprendizado, que é a ocupação de quem estuda”, sugere.
Durante a elaboração das novas diretrizes, os participantes revisaram as suas atividades num processo quase psicoterapêutico conjunto. Lívia Pontes, que trabalha com pacientes cardiovasculares e com preceptoria, ressalta a curta trajetória do curso até o momento. “Na verdade, a Terapia Ocupacional está se difundindo ainda. Ela é um bebê se comparada com séculos de atividade da Medicina, por exemplo. E uma grande dificuldade é que ela trabalha com questões subjetivas do paciente, questões do emocional, questões afetivas que norteiam a sua ocupação cotidiana”, ponderou.
Odair Souza Junior, aluno do sétimo do semestre da Unama, também deu a sua contribuição para entender esse processo. “A questão é que a TO é uma profissão muito abrangente. É uma profissão muito voltada para o fazer humano, para a ocupação do paciente, e é difícil delimitá-la. Então, penso que o que tem que mudar é que ela tem se construir na sua trajetória. Por isso esse momento de revisão é importante e deve ser, de certa forma, constante”, disse.
Metodologias ativas – O processo de revisão das diretrizes de Terapia Ocupacional deve consolidar, na ampliação do campo de atuação, o processo de ensino e aprendizagem por meio das chamadas metodologias ativas. Quem explica como funciona é a coordenadora da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFPA, professora Adriene Seabra: “As metodologias ativas são baseadas em tutorias. Hoje a FFTO desenvolve um programa baseada na aprendizagem baseada em problemas, em que o aluno vivencia na prática situações reais que o façam melhorar o aprendizado dele de forma ativa”.
As diretrizes curriculares nacionais foram revisadas há 16 anos e, de acordo com Adriene Seabra, essas metodologias são apenas parcialmente previstas nas atuais diretrizes nacionais e devem ser consolidadas a partir desse novo documento.
Os membros do Fórum têm até o final do mês de abril para consolidar as propostas e enviar relatório à Reneto. Antes disso os participantes ainda podem fazer sugestões ao documento.
Texto e Fotos: Elielton Alves – Ascom / Crefito 12.
Galeria de Fotos