Belém imuniza em meio a críticas. Crefito-12 responde e esclarece sobre vacinação

A terapeuta ocupacional Irla Alencar fez valer seu lugar na fila e ficou feliz em concluir a vacinação

A Assessoria de Comunicação do Crefito-12 foi ontem até o Shopping Grão Pará em Belém (PA) para conferir as situações denunciadas nas redes sociais na aplicação da segunda dose da vacina Astrazeneca a profissionais da cidade. O Crefito-12 fora surpreendido pelo anúncio tardio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de que a vacinação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais ocorreria ao mesmo tempo e no mesmo lugar que a vacinação da população em geral.

Logo cedo muitos dos profissionais reclamaram da desorganização, da falta de informação e, principalmente, das longas filas sob o sol forte de Belém no estacionamento do shopping. “Amigos nossos passaram mal e tiveram que se retirar, inclusive”, disse o fisioterapeuta Ronan Abdon, 31, que se vacinou por volta das 12h30.

O Crefito-12 divulgou nota informando que pretendia alugar tendas para proteger os profissionais, mas a Sesma disse que não havia necessidade e informou que havia proteção no local.

Sem serem requisitados pela Sesma, os servidores do Crefito-12 estavam lá para atender

A terapeuta ocupacional Ingrid Sousa, 25, disse que quando chegou havia uma “fila imensa dos dois lados”. Ela só conseguiu descobrir mais tarde qual era a fila de profissionais. “Pouco depois das 9h um servidor do Crefito-12 veio aqui fora informar porque estava ocorrendo a situação”, disse ela, que então pode se ajustar na fila.

O Crefito-12 esclareceu que a meta de vacinação e ampliação do público foi informada pela Sesma em cima da hora, o que gerou a confusão. Assim que foi constatada a situação, os servidores do Conselho foram informar a todos que estavam na fila.

Para Abdon, a responsabilidade da falta de organização seria do Crefito-12. Mas ele não sabia que a logística fora toda planejada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), e que a mesma não deixou o Crefito-12 interferir. “Mesmo assim, acho que o Conselho deveria se organizar mais quanto a isso”, concluiu.

A Ascom do Crefito-12 apurou junto à Sesma que a Prefeitura tinha uma meta de vacinar 10 mil pessoas em um único dia porque considera isso muito importante para a população. Todos os Conselhos de Belém sofreram neste dia o mesmo atropelo que os profissionais do Crefito-12. A única exceção foi o Coren, único conselho que foi delegado pela Sesma para coordenar a sua vacinação.

O também fisioterapeuta Bruno Silva, 32, ponderou o fato de que a ampliação da vacinação, por parte da Sesma, obviamente, causou parte dos transtornos. “Quando tomei a primeira dose no Crefito-12 era só a gente, agora está todo mundo junto. Assim fica mais difícil administrar”, disse.

Ansiosa – A terapeuta ocupacional Irla Alencar, 24, não reclamou e disse que estava feliz de poder concluir o processo de imunização porque estava muito ansiosa por isso. Ela considerou outro ponto a ser observado na situação: profissionais que não respeitaram a situação e quiseram furar fila.

“Uma moça chegou fazendo alguns questionamentos sobre a situação e foi entrando pelo outro lado do shopping. Ela já estava quase para se vacinar! Mas eu fui lá e conversei com ela. Ela disse que não iria sair porque eu não era fiscal da Sesma. Eu chamei um responsável e só assim ela saiu da fila”, comentou, com certa indignação.

Apesar do ocorrido, a profissional se mostrou muito feliz em receber a segunda dose. “Fiquei cinco horas esperando, mas graças a Deus já estamos nessa fase final, estou feliz, não estou reclamando. Eu estava muito ansiosa! Infelizmente muitas pessoas sequer chegaram a tomar a primeira dose, acabaram falecendo. Estou muito feliz por mim e por meus amigos”, confessou.

Irla atua com crianças e pré-adolescentes autistas e hiperativas, a segunda dose da vacina é crucial para fazer seus atendimentos com segurança.

O fisioterapeuta Ronan Abdon se vacinou e fez críticas 

A segunda dose da vacina Astrazeneca foi dada a profissionais de Belém inscritos neste Conselho, que receberam a primeira dose nos dias 9 e 10 de abril em uma escola estadual ao lado da sede do Crefito-12. A Sesma informou no dia da vacinação que a segunda dose desses profissionais ocorreria no mesmo local e hora que a primeira dose da vacinação para a população em geral por faixa etária.

O Crefito-12 divulgou duas notas ao longo do dia, esclarecendo que solicitou sistema de drive thru para os profissionais e que pretendia alugar tendas para proteger os profissionais do sol e da chuva, que caiu a tarde. Solidarizou-se com os profissionais e informou que não foi autorizado a interferir na logística planejada pela Sesma, que teve ainda o apoio do Exército na ação.

A Ascom do Crefito-12 tentou ouvir as justificativas da coordenadora daquele posto de vacinação e foi informada pela assessoria da Sesma que deveríamos solicitar informações por e-mail. O e-mail foi enviado e respondido no mesmo dia informando que a situação seria apurada.

A presidente do Crefito-12 também informou em nota que vai relatar todas as intercorrências à direção da Sesma. Pessoalmente, a Dra. Elineth Braga Valente informou que respeita a opinião de todos os profissionais que se sentiram, com razão, desrespeitados pela falta de infraestrutura e pela informação tardia, e que entende a necessidade de ampliação da vacinação.

Bruno Silva ponderou: todo mundo junto é mais difícil de administrar

“O tempo avança e a vacina deve chegar a todos para que a população seja efetivamente protegida. Com mais pessoas, cresce a necessidade de organização. Nós nos colocamos à disposição desde o começo. Lamentamos a situação e nos solidarizamos com todos os profissionais”, disse ela.

Inicialmente, o calendário para a segunda dose estava marcado para julho, porém, a Sesma avaliou a logística e decidiu antecipar, sem nenhum problema para a eficácia da imunização, a segunda dose.Nas tratativas preliminares, a Sesma programou e gerenciou toda a logística da ação de imunização e informou que não precisava de uma equipe para dar suporte. Mesmo assim, o Conselho enviou alguns servidores de apoio até o Shopping Bosque Grão Pará, local de vacinação, para dar suporte aos profissionais e juntamente com a Sesma, ajustar a logística e melhorar o atendimento dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.

Quanto às denúncias nas redes sociais de que servidores do Crefito-12 teriam ignorado mulheres com crianças na condição de prioridade, o Conselho esclarece que, ao contrário, a seleção de prioridade foi aprovada pela coordenadora local da vacinação depois da intervenção dos servidores. Estes, assim que tiveram a aprovação da coordenadora, foram até a fila retirar as pessoas para o atendimento prioritário. A ação gerou outras críticas, as de que o Crefito-12 estava beneficiando certas “prioridades do Conselho”. Obviamente, um ruído comunicacional gerado pela ansiedade e toda a situação ali causada.

“O Crefito-12 reitera sua solidariedade com todos os profissionais. Esta é uma situação anômala no mundo todo. Trata-se de uma pandemia e o melhor que podemos fazer é vacinar as pessoas para salvar vidas. Estamos nos esforçando para fazer isso da melhor maneira possível. Não somente em Belém, mas estamos negociando em todos os principais municípios da nossa circunscrição que abrange cinco estados da Região Norte”, concluiu a presidente Elineth Braga Valente.

Dos quase mil profissionais a serem inicialmente vacinados, o Crefito-12 estima que 768 deles foram efetivamente vacinados. Aos profissionais que perderam a segunda dose por qualquer motivo, o Crefito-12 informa que aguarda um retorno da Sesma quanto ao procedimento para esses casos.

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