A maioria das disfunções sexuais femininas pode ser tratada com a fisioterapia pélvica, afirma a especialista Adalgiza Mualubambo.
Em declarações ao Jornal de Angola, à propósito do Dia Mundial da Fisioterapia que hoje se assinala, a fisioterapeuta pélvica destaca a falta de desejo sexual, incapacidade ou dificuldade em atingir o orgasmo (anorgasmia) e dor durante a relação sexual (dispareunia) como os problemas mais comuns nas mulheres.
A falta de desejo sexual feminino, também chamada perda de libido ou frigidez, é o problema mais frequente e atinge mais da metade da população feminina.
As causas são diversas, como as alterações hormonais (pelo uso de anticoncepcionais),parto,amamentação, menopausa, disfunções hormonais e anti-depressivos. Este problema está relacionado também com o quotidiano e o stress, segundo a fisioterapeuta pélvica.
Adalgiza Mualubambo presta serviço na Clínica da Endiama e é uma das poucas especialistas na área da Fisioterapia Pélvica.
Afirma que a anorgasmia, que é a incapacidade ou dificuldade em atingir o orgasmo, tem como causa o desconhecimento da anatomia feminina. Sublinha que para contrapor esta situação “é preciso uma dinâmica sexual confortável, o que não é incomum.”
Em relação à dispareunia (dor durante a relação sexual), a fisioterapeuta aponta como causas inflamações pélvicas, corrimentos, infecções vaginais, menopausa e distúrbios hormonais.
O tratamento em conjunto com um fisioterapeuta pélvico e uma equipa multidisciplinar com o casal pode melhorar o desempenho sexual, afirma Adalgiza.
A especialista realça a importância da fisioterapia pélvica na prevenção e tratamento não cirúrgico das diferentes disfunções da região pélvica, mais especificamente relacionada a musculatura que envolve o assoalho pélvico.
A fisioterapia pélvica, disse Adalgiza, vem trabalhando na sexualidade feminina, alcançando resultados excelentes, através de exercícios que promovem o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico.
A fisioterapeuta destacou “o importante papel dos músculos do assoalho pélvico a nível da função sexual e na contribuição do controlo motor da resposta sexual.” Assim como qualquer outro músculo esquelético, explicou, os músculos do períneo (região que vai da sínfise púbica ao cóccix) também aumentam o tónus estático e a força de resposta rápida.
De acordo com a especialista, esses exercícios ajudam a melhorar a percepção e consciência perineal, a coordenação motora dos músculos do assoalho pélvico e aumentam a vascularização na região pélvica.
Além disso, afirmou, mantendo os músculos fortalecidos, evita-se uma diversidade de problemas físicos, devido ao enfraquecimento, como disfunções sexuais, incontinências e prolapso.
“É importante salientar que a sexualidade feminina não pode ser tratada como um aspecto isolado, é influenciada por aspectos físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais”, alertou a especialista.
A sexualidade feminina foi tabú durante muito tempo, e só recentemente tem havido maior abertura.
Adalgiza Mualubambo afirma que expectativas irrealistas e a falta de comunicação entre os parceiros, têm contribuído, em grande medida, para esse problema.
O Dia Mundial da Fisioterapia assinala-se em homenagem a todos os profissionais do ramo que, diariamente, ajudam as pessoas a superar problemas musculares e esqueléticos, assim como a recuperar de doenças.
A data é celebrada desde 1996 e foi instituída pela Confederação Mundial de Fisioterapia, que engloba mais de 250 mil fisioterapeutas no mundo.
Fonte: Jornal de Angola